Sim eu sei… sou um pouco avessa a manuais de instruções mas, a pedido de muitas famílias, aqui proponho algumas pistas sobre as quais pode ser interessante pensar. Sobretudo, quem tem filhos assim a ficar para o crescido…
- Esquece tudo o que pensaste que seria ser mãe/pai de um/a adolescente. A realidade supera todas as expectativas.
- Habitua-te ao humor imprevisível, aos comportamentos impulsivos, à alterações emocionais, à necessidade de uma maior privacidade.. E respeita-os. Fazem parte do processo de crescimento e, como tudo, têm uma explicação. Neste caso, é neurológica.
- Não insistas em querer que concordem com tudo o que dizes. Aliás, é até desejável que não o façam. Uma das características mais interessantes da adolescência é a procura de significados próprios, a necessidade de contestar, o espírito pouco conformista… São estes movimentos que lhes permitirão construir a sua própria identidade e definir-se enquanto pessoas.
- Conversa muito, ou pelo menos, mostra que estás por perto e que podes ouvir, sem pré-julgamentos (mesmo que a vontade de dizer meia dúzia de coisas te roa por dentro). Isto não quer dizer que não dês a tua opinião e que não te faças ouvir, mas fará sentir que estás disponível e que contigo poderão contar, mesmo que as coisas corram mal. Incondicionalmente.
- Se já o eras, mantém-te beijoqueira/o (mas com discrição e sentido de oportunidade). Há sítios proibidos como o portão da escola ou os jantares de amigos mas, mesmo que o contestem, não há nada que lhes saiba tão bem como um abraço ou um miminho no momento certo. Tenhamos nós 5, 15 ou 50 anos.
- Janta com os teus filhos. Vários estudos demonstram que as refeições em família funcionam como um ritual protetor, relativamente à adopção de comportamentos de risco na adolescência.
- Participa em atividades comunitárias. Vai ao teatro, a concertos, exposições… E leva-os contigo. Todas as experiências culturais e artísticas a que possam ter acesso na infância e na adolescência, contribuirão para o autoconhecimento e para o seu desenvolvimento pessoal e social.
- Incentiva-os sempre a avançar para um desporto. Existe uma associação muito positiva entre a prática desportiva e o desempenho escolar, sendo a primeira uma excelente forma de libertação das tensões acumuladas e de estimulação da atenção, da reflexividade… Para além disso, a maioria dos desportos não se compadece com estilos de vida pouco saudáveis, o que só por si, é um fator extremamente positivo.
- Não queiras ser amiga/o dos teus filhos (leia-se: “não queiras substituir os amigos dos teus filhos”). Os pais e mães demasiado cool e intrusivos, deixam os adolescentes confusos. É fundamental que cada um se assuma no seu papel e não “misture as águas”. A referência de um pai ou de uma mãe é fundamental como modelo de responsabilidade, apoio e sabedoria para lidar com a realidade. Para além disso, existirão sempre coisas que se contam aos amigos e não aos pais. E ainda bem.
- E por último, mas não menos importante, CUIDA DE TI. Tu és, e serás sempre, o principal modelo dos teus filhos. É contigo que aprenderão a amar a vida, a relacionar-se com outros, a querer o melhor para si, a não desistir… Se fores feliz, ensinarás a sê-lo também e a não abdicar disso.
E chegados ao fim, são 10.
Que não sejam mandamentos, até porque não acredito em relações imaculadas e perfeitas. Acredito sim, que as relações crescem nas suas imperfeições, desde que tenhamos a coragem de as reconhecer e aceitar em nós, mantendo assim viva a certeza, de que todos os dias são dias a estrear e por isso, dias bons para aprender.
Aprender a ser pais de coração cheio, para aqueles que serão, sempre, a melhor parte de nós.
Fabuloso!! Eu que já passei pela fase de ter tido um adolescente para educar e que tentamos o melhor mas aprendemos todos os dias com educar as 10 orientações são uma realidade dar espaço e não ser demasiado intrometida para que eles possam entrar no mundo dos adultos. E os se os pais respeitarem o espaço dos adolescentes… Não tenhamos dúvidas que nós estaremos sempre presentes. Eles sabem que podem contar sempre connosco. E sobretudo não nos esquecer-mos de nós foi algo que eu por vezes não fiz. Espero não ser chata com o meu comentário mas ao ler o seu blog recordo de coisas melhores ou não!! Obrigado adorei ler “Os pós de Perlimpimpim”.
Muito grata pelo seu comentário, Maria Otília. É para mim um retorno enorme conhecer as opiniões de quem lê e perceber que as ideias ganham corpo e sentido nas suas experiências. E de facto, as coisas mais importantes são as mais simples e mais ao nosso alcance: estar presentes, dar apoio, ser consciente da relação que temos com os nossos filhos. Espero continuar a tê-la por perto. 🙂 Obrigada.
Fantástico! Mesmo o que (mãe de garoto “assim a ficar para o crescido…” ) estava a precisar, 10 pistas lidas na hora certa! 😉 Bem haja!
Obrigada 🙂 Muito feliz, por saber que as ideias que aqui vão sendo partilhadas são entendidas e fazem sentido a quem as lê. O importante é mesmo refletir e amá-los muito. Fácil, não? 🙂
Nem sempre fácil…
Mas, sem dúvida, muito gratificante!
ontem ouvi, na TV, alguém dizer – quero que os meus filhos se orgulhem de mim. é exatamente isso e é tão ao contrário que se vê. – quero ter orgulho nos meus filhos.
claro, mas os pais existem e têm de ser, não apenas exigir/esperar que os filhos sejam.
exemplo. sempre. cabeça aberta e coração pertinho.
beijo, Rita e obrigada por mais um belo texto.
Muito gira a perspetiva: “Quero que tenham orgulho na mãe/pai/educador que sou”. Dá uma outra tónica à coisa e ajuda-nos a melhorar enquanto pessoas, para sermos melhor exemplo todos os dias. Para eles e para nós. beijo grande
Muito interessante e “escandalosamente ” necessário.
Todos os dias são dias a estrear…tens razão. Adorei!!
Obrigada Rita.
Bj
Obrigada eu Noémia, pelo miminho de teres vindo até cá, escrever. 🙂
A ideia dos “dias a estrear” dá-nos fôlego, e ajuda a esquecer os outros, que se façam um bocadinho mais desafiantes… 🙂
Beijinhos grandes
Boas sugestões!!! O jantar é mesmo essencial…
Olá Rita, muito grata pelo retorno. Sim, jantares tranquilos e sem distrações que desviem à atenção das pessoas com quem estamos, sempre! 🙂 Um beijinho
Muito bom! quero muito tentar por em prática, Obgda
Muito bom, mesmo! Vou tentar por em prática!
Olá Isabel! 🙂 Muito obrigada pelo miminho do seu feedback.
Tão bom saber que os textos fazem eco em quem os lê, e devagarinho e ao ritmo de cada um, podem fazer a diferença. 🙂
Um abraço e obrigada por estar aí!