Sim, isto de ser mãe e de ser pai tem mais do que se lhe diga.
Mete medo.
Assombra-nos com a ideia de que temos de ser perfeitos e aguentar-nos “à bomboca”, mesmo quando as coisas se tornam mais difíceis.
Desafia-nos com as famílias dos outros, que parecem sempre melhores do que a nossa. Mais “limpas”, mais bonitas, mais felizes.
Obriga-nos a tomar decisões que, para além do impacto que têm em nós, podem também ser determinantes na vida de alguém. Alguém que é, nem mais nem menos, aquele que tem o nosso coração cativo, desde o momento em que lhe pusemos a vista em cima.
Por mais livros que leia sobre parentalidade, sinto sempre que as palavras não traduzem a vida, mas podem, algumas, ter o dom de apaziguar o desassossego de não estar à altura do desafio. Ou, pelo menos, levar-nos a pensar sobre ele.
Tenho por isso para mim, que os ensinamentos mais importantes vêm das coisas mais simples e que a nossa grandeza enquanto pais surge, sempre que somos capazes de:
Tornar conscientes os caminhos.
Sabendo que podem não ter sido os melhores mas que foram, naquele momento, os possíveis. Isto, dá-nos a esperança de tentar de novo, a possibilidade de não repetir e de nos treinarmos para o próximo guião.
Pedir desculpa.
Há, num pedido de desculpas, uma coragem e uma humildade imensas que nos libertam do arrependimento e sobretudo, nos aproximam dos nossos filhos, fazendo-os sentir que afinal, por aqui, “há carne e há osso.” E há vontade de aprender.
Aceitar.
Quando aceitamos, ficamos em paz com quem somos e, não significando isto aprovar ou baixar a guarda, dá-nos uma maior clareza relativamente ao ponto em que estamos, aguçando a vontade de mudança, se ela for sentida como necessária, claro.
A parentalidade não é um mar de rosas. É mar que é calmo, é mar que é turbulento, é mar que muitas vezes quase nos afoga e que em tantas outras nos dá fôlego e batida de coração feliz, quase a saltar do peito.
A parentalidade constrói-se todos os dias. Faz-se de passos mal dados e de dúvidas constantes mas faz-se, sobretudo, da capacidade de aceitar que assim é e de refletir, sempre. Sabendo que é na reflexão que ganhamos o enorme privilégio de aprender.
Tenhamos nós esta certeza e teremos nas mãos a melhor e a mais sábia bússola. Aquela que tem em si, a força de enfrentar todos os mares.
Mesmo nos dias de tempestade.
Gosto muito do blog, textos realistas sem nos lançar desafios de sermos perfeito, mas nos querendo ser humanos melhores e a despeito disso temos que ser exemplo mas também nos mostrarmos humanos.
Karlana ( 42 anos), mãe da Ana Luiza (14 anos)
Muito grata Karlana, pela sua partilha. De facto, a pressão para a perfeição às vezes é forte e é nesses momentos que mais precisamos de nos encontrar, de olhar para dentro e respirar fundo, na certeza de que teremos sempre a melhor das intenções na forma como educamos os nossos filhos. E isso, é meio caminho andado. 🙂
Excelente
Obrigada Lília! 🙂 beijinhos