O camião da Patrulha Pata precisa de pilhas e precisa dos sonhos de quase todas as crianças de quatro anos.
O camião da Patrulha Pata precisa de pilhas e precisa de pais que estejam dispostos a pagar 120 euros, por um brilho no olhar e um sorriso no rosto. Ainda que fugazes.
O camião da Patrulha Pata está esgotado em todas as superfícies comerciais do país e isto, na minha opinião, diz muito sobre aquilo que andamos a fazer.
A mim, diz-me que estamos com as prioridades trocadas. Diz-me que andamos a refletir pouco e diz-me ainda que cedemos a um apelo que é, no mínimo, desonesto. Porque se serve dos desejos deles para crescer. Porque se serve do nosso amor para vender.
Eu faço greve aos brinquedos com pilhas e faço greve aos brinquedos que custam um mês inteiro de comida na mesa. Pelas mesmíssimas razões. Pela ideia de consumo rápido e descartável que alimentam. Pela falta de autonomia e criatividade que promovem.
Se eu podia comprar o camião da Patrulha Pata? Podia. Mas não estaria a ser honesta com os princípios que defendo e com os sonhos que gostava que um dia, o Manel quisesse alcançar.
Os sonhos que apenas precisam de gente dentro e de amor no coração, para acontecer.
P.S – A foto que ilustra este texto é da autoria da Lília Reis, que tão carinhosamente a cedeu, para que a Lua ficasse mais bonita. Obrigada Lília.
Rita gostei do texto e da reflexão que cada um faz ao lê-lo.
Será que é o valor tão elevado de um brinquedo que nos mostra um sorriso no rostinho de uma criança?
Não me parece existem outras coisas para além do material vamos ser menos consumistas e mais afectuosos com as nossas crianças ter mais tempo para uma brincadeira e uma boa conversinha eles adoram!!!
…continua Rita a escrever estes textos.
Beijinhos
É isso mesmo Graça, é muito importante refletir sobre estes apelos constantes ao consumo e ajudar os miúdos a fazer escolhas mais conscientes. Isso ajuda-os também a perceber o verdadeiro valor das coisas, compreendendo claro, que o que é material nunca substituirá as relações com os outros, que nos dão indiscutivelmente mais…. Obrigada pelo comentário e pelo carinho. Beijinhos 🙂
Por casa temos andado felizes com puzzles… em familia e em conjunto…
Há pouco tempo andavamos em “luta” por causa do tablet… decisão tomada: Acaba-se o tablet… pelo menos durante uns tempos até que haja “desintoxicação”…
Os serões têm sido mais serenos…
Boa semana!
Olá Natália, muito grata pela sua partilha. Por aqui também não há tablet a televisão é controlada. E à noite, antes de dormir, o tempo é nosso e das brincadeiras e jogos em que todos possamos participar. E é tão bom… 😉
Mas como se explica que o Pai Natal não trouxe o presente que mais deseja? E que a par com a pista do Blaze e os Monster Machines são as duas únicas coisas que escreveu na carta ao Pai Natal! E quando se pergunta qual o presente que mais quer, e se lhe diz que tem que fazer muita força para o Pai Natal corresponder à sua expectativa, fica a fazer tanta força que quase começa a suar!!! Por toda a ilusão do Pai Natal, “posso” deixar de comer um mês para alimentar a felicidade daquela criança! Que a sua felicidade me alimenta por mais do que um mês! São os filhos!…. E ainda vou conseguir recuperar 20 euros num desses sites de vendas online….
Olá Jorge, muito obrigada pela partilha. E como entendo aquilo que sente…
Felizmente a carta que por cá foi “escrita” ao Pai Natal tem outros desejos, o que nos facilita a tarefa. Por aqui optámos por falar sobre o preço do Camião da Patrulha Pata e ele entendeu que 120 moedas eram muitas moedas, até para o Pai Natal. E que 120 moedas eram muitas moedas por um brinquedo de plástico, que se calhar até nem fazia tantas coisas como o Canal Panda queria fazer acreditar. O que mais me custa Jorge, não é o valor, é o dinheiro que estas grandes empresas fazem à custa dos desejos deles. Claro que podem publicitar os brinquedos, é um negócio, como outro qualquer. O que me parece de uma enorme crueldade é o valor que cobram por um produto que nem 5 euros custou a produzir e que vive dos sonhos deles para fazer dinheiro e deixa pais em absoluto desespero por não poderem comprá-lo. Se não fosse um negócio brutal, não custaria este absurdo.
E também acho, tal como o Jorge, que é importante pensar naquilo que andamos a dizer aos miúdos sobre o Pai Natal. “Pedir com muita força”, “Portar-se bem”, “Ser um bom menino”… e por aí fora. Todas as crianças se portam bem. Todas as crianças são boas crianças. E nem todas as crianças, por mais força que fizerem, poderão receber aquilo que sonharam no Natal. Isto dá que pensar, por eles, que merecerão sempre o nosso melhor. Obrigada mais uma vez. 🙂